terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Rollo May

Na citação de Rollo May, "Redescobrindo a natureza e a imagem do ser humano" (A Descoberta do Ser) está contida a síntese de sua tese existencial, que não rejeita as descobertas técnicas de Freud ou de qualquer outro, e o aproxima dos humanistas.


Após estudar arte e morar três anos na Grécia para aperfeiçoar a sua técnica, Rollo May cursou teologia, o que o levou a uma congregação religiosa, onde ajudava as pessoas como conselheiro espiritual. Esta atividade foi tão importante para ele, que o motivou a buscar maior embasamento técnico para exercê-la: obteve seu título de doutorado em Psicologia Clínica na Universidade de Columbia, em 1949. É o que descreve o Mestre em Filosofia e Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Carlos Roger Sales da Ponte, no artigo "Reflexões críticas acerca da psicologia existencial de Rollo May" (pepsic.bvsalud.org). Ele conta que o famoso psicólogo norte-americano nasceu em 1909, em Ada, Ohio, e que "Suas incursões filosóficas sobre o drama humano existencial começaram a ficar cada vez mais incisivas, quando obteve o doutorado em Psicologia. Uma mostra disto está na sua obra, publicada em 1953, "O homem à procura de si mesmo".

Ponte acrescenta que justamente quando trabalhava na tese, que lhe rendeu o terceiro livro - O Significado da Ansiedade - publicado em 1950, May adquiriu tuberculose. Isto o obrigou a ficar internado num hospital por um ano e meio, porque naquela época a doença ainda era de difícil tratamento e cura. Esse tempo foi utilizado por ele para aprofundar-se na leitura sobre angústia e ansiedade, tanto do ponto de vista de Freud quanto do de Kierkegaard. Mesmo com as grandes diferenças entre os dois, May não fez uma escolha entre eles. E, ao contrário de muitos colegas da vertente humanista, que passaram a rejeitar as teorias psicanalíticas, ele acredita que os dois pontos de vista são importantes e necessários.

"Tais experiências fizeram com que May se alinhasse cada vez mais a uma concepção de psicologia de cunho fortemente existencial, fazendo-o aprofundar-se cada vez mais nesta corrente filosófica", afirma Pontes. Ele lembra ainda que sua concepção mais aberta o levou a organizar, em 1958, juntamente com Ernest Angel e Henri Ellenberger, o livro Existence: a new dimension in psychatry and psychology, "uma obra de referência que difundiu com maior ênfase as ideias e pesquisas em termos de uma psicologia e uma psicopatologia existencial de cunho fenomenológico", Rollo May viveu seus últimos anos em Tiburon, Califórnia, falecendo em 22 de outubro de 1994, aos 85 anos.


Texto de Denise Berto retirado da Revista/Encarte Grande Ícones do Conhecimento, número 07, Mythos Editora, São Paulo.

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