domingo, 15 de maio de 2022

Do Calundu ao Candomblé

Presentes no Brasil durante todo período colonial, os rituais de fé africanos ganharam seu primeiro templo no início do século XIX, erguido nos fundos de uma igreja em Salvador.


    Desde o século XVII tem-se notícias de cultos africanos em terras brasileiras. De fato, há cerca de vinte anos uma imensa massa de informações sobre o que se convencionou chamar "calundu colonial" começou a ser revelada por historiadores e antropólogos brasileiros, que, investigando nos arquivos públicos e da Santa Inquisição, depararam-se não apenas com novos dados mas também com novas interpretações sobre um tema até então pouco conhecido. Os animadores desses misteriosos cultos de origem africana passaram então a ocupar a cena historiográfica: figuras como o congolês Domingos Umbata, flagrado em 1646 pelos visitadores da Inquisição na capitania de Ilhéus; a angolana Branca, ativa na cidade baiana de Rio Real, nos primeiríssimos anos do século XVIII; outra angolana, Luzia Pinta, muito bem sucedida na freguesia de Sabará, nas Minas Gerais, entre 1720 e 1740; a courana Josefa Maria ou Josefa Courá com sua "dança de Tunda", estabelecida em 1747 no arraial de Paracatu, Minas Gerais; o daomeano Sebastião, estabelecido em 1785 na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano; e, enfim, Joaquim Baptista, ogan (uma espécie de líder de terreiro) "do culto ao deus Vodum", no Accu de Brotas, freguesia periférica da cidade da Bahia, em 1829. A esta lista poderia ser acrescentada uma significativa aquarela de Zacharias Wagener, artista que viveu no Pernambuco holandês de 1634 a 1641, representando uma festa de africanos a trazendo preciosas informações visuais sobre a variedade e a disposição dos atores, figurinos e instrumentos musicais.

    Os adeptos dos calundus organizavam suas festas públicas na residência de uma pessoa importante da comunidade, ou em casas destinadas a outras ocupações. Não tinham templos propriamente ditos, mas também não representavam simples cultos domésticos, uma vez que havia um calendário de festas, iniciavam vários fiéis em diferentes funções, e eram frequentados por um número razoavelmente grande de pessoas, inclusive brancos, vindos de diversos arraiais. Ademais, o sacerdote principal tinha condições de ganhar bem a vida com o atendimento individual e tornar-se financeiramente independente ao prestar à população serviços essenciais que o Estado colonial não assegurava satisfatoriamente.

    A documentação de época permite identificar três tipos de sacerdócio, às vezes reunidos numa mesma pessoa, como Luzia Pinta, que era "calunduzeira, curandeira e adivinhadeira". Isso significa que, além de oficiantes religiosos, esses personagens sabiam preparar tisanas, cataplasmas e unguentos que aliviavam os males corriqueiros dos habitantes da colônia, eram também capazes de curar doenças mais graves como a tuberculose, a varíola e a lepra, usando os recursos da farmacopeia tradicional e participando inclusive do combate às epidemias que assolaram a Bahia em meados do século XIX; e também sabiam curar distúrbios mentais ou espirituais, usando tratamentos combinados e complexos. Na cidade de Rio real, no interior baiano, o Santo Ofício identificou o caso de um senhor empresário que pagou caro por pelo menos duas escravas curandeiras afamadas, montando com elas uma espécie de clínica, onde se praticavam vários tipos de cura, e dividindo todos os lucros. Desses registros, surgiram notícias de curandeiros e adivinhadores sendo recebidos em monastérios, nos meios ricos, onde eram bem pagos, e até agraciados pelo rei de Portugal por bons serviços prestados. A eficiência dos saberes africanos era pública e notória, mas na prática sua existência questionava o monopólio da cura atribuído à Igreja e mesmo à medicina oficial.

    Como o escravismo configurava-se como um regime de opressão, sempre se pensou que os calundus tivessem sido duramente perseguidos. Mas, de fato, se isso fosse realidade, seus líderes jamais poderiam ter se estabelecido estavelmente, como, por exemplo, Luzia Pinta, que se manteve atuante durante vinte anos na cidade mineira de Sabará. Na verdade, existia no seio da classe governante um debate constante a respeito da melhor maneira de controlar a massa escrava e liberta. Se a política tirânica parece ter predominado nos períodos de crise, em grande parte do tempo foi a política moderada a predominante.

    Assim, desde o século XVII, os calundus funcionavam normalmente no Brasil, pelo menos até que seus líderes se tornassem muito visíveis, angariassem clientela branca ou se envolvessem em revoltas. Faziam parte da paisagem social porque eram funcionais, respondiam a várias necessidades de uma população carente e não pretendiam ser seitas secretas. Sua vocação era se tornar, como na África, instituições públicas reconhecidas.

    Desse lado do Atlântico, os calundus de diversas origens africanas, banta (das regiões ao sul da África, como Angola, Congo, Moçambique) e jeje (da África Ocidental, atual República de Benin), por exemplo, acabaram aderindo ao catolicismo. Já o sincretismo com os cultos ameríndios deu-se apenas com os bantos. Alguns, como o de Luzia Pinta, misturaram tradições africanas, católicas e indígenas no mesmo ritual, dando origem ao que se convencionou chamar umbanda.

    Ao contrário dos anteriores, o calundu jeje do Pasto da cidade de Cachoeira era uma organização tipicamente urbana, e o primeiro a ter como endereço uma rua, embora de periferia. Já o candomblé do Accu é um dos vários cultos jejes que começaram a funcionar no Recôncavo Baiano em meados do século XIX, situados em freguesias urbanas apenas nos nomes - eram, na verdade, chácaras cercadas de mata atlântica.

    Esses cultos jejes eram mais marcadamente comunitários e com forte tradição litúrgica, implantada na Bahia. Nesse processo, receberam apoio dos calundus bantos existentes, que detinham um saber ritual acumulado, bem adaptado ao meio. O próximo passo, ousado, nessa trajetória de constituição da religião afro-brasileira, seria precisamente organizar o culto na cidade, exibi-lo como instituição urbana legítima, buscar sua oficialização. Foi em Salvador, no bairro da Barroquinha, que essa transição foi tentada com relativo sucesso.

    Segundo as tradições orais do nagôs (africanos iorubás, originários de regiões da Nigéria, Benin e Togo) baianos, o primeiro candomblé de sua linhagem foi fundado em terras situadas atrás da capela de Nossa Senhora da Barroquinha, no centro histórico de Salvador. Conta-se que existia uma irmandade de negros ali funcionando, cujos associados teriam sido os fundadores africanos. Hoje, esse candomblé é um dos maiores e mais respeitados do Brasil, chama-se oficialmente Ilê Axé Iyá Nassô Oká, em homenagem à sua fundadora principal, mas é popularmente conhecido como Casa Branca do Engenho Velho da Federação.

    Não há nas tradições orais referências à data de fundação do candomblé da Barroquinha. Mas se tem conhecimento de três momentos importantes do local: a fundação inicial de um pequeno culto na casa de uma sacerdotisa filiada à irmandade e residente em uma das ruas do bairro; o arrendamento de um terreno situado atrás da igreja, onde se fundou o candomblé propriamente dito; e um momento de perseguição policial, invasão do templo e expulsão do bairro.

    A investigação sobre a data inaugural motivou antropólogos ligados ao Axé Opô Afonjá, filial do candomblé da Barroquinha, os quais fizeram estimativas que vão do final do século XVIII a meados do século XIX. Em 1943, por ocasião do I Congresso Afro-Baiano, teve lugar na Casa Branca uma exposição comemorativa dos 154 anos de sua fundação, segundo a qual o candomblé teria então sido fundado em 1789. Essa data coincide com a chegada à Bahia dos primeiros escravos nagôs do reino de Ketu (território cortado em dois pela fronteira Nigéria-Benin), de onde teriam vindo os fundadores, bem como a oficialização da irmandade do Senhor Bom Jesus dos Martírios, em 1788.

    Entre os primeiros escravos provenientes do reino de Ketu vieram parar na Bahia alguns membros da família real Arô, capturados na cidade de Iwoyê, saqueada em janeiro de 1789 pelo exército do reino Daomé (atual República de Benin). A mãe do Aláketu Akibiorru, o rei então entronado, era natural daquela cidade, que tinha relações rituais muito estreitas com a capital. Tudo indica que a primeira das fundadoras do candomblé da Barroquinha, Iyá Adetá, veio nessa leva de escravos provenientes de Iwoyê. Após cerca de nove anos de cativeiro, Iyá Adetá teria conquistado a alforria e ido morar na Barroquinha, onde fundou, no finalzinho do século XVIII, um culto doméstico a Oxóssi na sua casa, semelhante a alguns dos calundus coloniais passados em revista.

    Ora, no princípio do século XIX, começa a crescer a população escrava baiana proveniente da região jeje-nagô, aumentando o contingente de frequentadores do calundu de tia Adetá e despertando o desejo, naquele grupo desenraizado, de possuir um espaço apropriado à fundação de um verdadeiro terreiro. Essa possibilidade existia no próprio bairro, pois as terras devolutas atrás da igreja se prolongavam em uma área arborizada e um pântano que confinava com as hortas do mosteiro de São Bento. O terreno contíguo à capela pertencia a um casal filiado à irmandade branca de Nossa Senhora da Barroquinha, que dividia com a irmandade negra do senhor dos Martírios a administração da igrejinha. O arrendamento começou a ser negociado em 1804 e foi concluída em 1807, e é nesse momento que se concretizou a possibilidade de passar de culto doméstico a terreiro.

    A virada do século XVIII para o XIX foi na Bahia uma época de prosperidade e descontração política, porém, de 1805 a 1809, o governo tirânico do conde da Ponte se lança em implacável perseguição a africanos, criando um clima de tensão na capitania, inadequado aos voos da imaginação. Em 1810 começaria, contudo, o governo reformista e liberal do conde dos Arcos, enviado pela família real para modernizar a Bahia. O novo governador tornou-se irmão honorário da irmandade dos Martírios logo em 1811, partidário da corrente moderada da ideologia colonialista, cuja estratégia era encorajar as manifestações culturais das diversas "nações" africanas, pequena liberdade que estimularia a diferença entre elas - pensava ele - impedindo-as assim de se unir contra a ordem colonial.

    Nessa conjuntura, o projeto de fundação do terreiro da Barroquinha ganhou fôlego. Em 1812 um requerimento assinado pelos diretores dos Martírios pediu licença à Câmara de Vereadores para construir um salão nobre, anexo à igreja, obtendo assim o consentimento oficial para manter um espaço para as suas reuniões. A comunidade jeje-nagô, que estava crescendo na Bahia e provavelmente ganhando importância na irmandade dos Martírios, deve ter, se não comandado, pelo menos se associado a esse esforço. Nesse momento de prosperidade, o terreiro ampliou-se, ganhando mais equipamentos, mais espaço e mais confiança. Eis o cenário que viu surgir na Barroquinha o Iyá Omi Axé Airá Intile, dirigido por Iyá Akalá, a segunda das fundadoras apontadas pela tradição.

    Segundo as tradições orais da Casa Branca, a grande novidade introduzida pelo terreiro da Barroquinha foi ter organizado, pela primeira vez, o candomblé "como sociedade". Que poderia significar isso? Vamos dar uma voltinha na África, para ter uma visão mais abrangente dessa história. Em meados da década de 1830, a capital maior dos Estados nagô-iorubás, o império de Oyó, foi saqueada pelas tropas fundamentalistas do califado de Sokotô e do emirado de Ilórin. Começaria então um grande êxodo da população dessa região, fundando uma nova capital e reorganizando as forças do império em um território mais ao sul.

    De fato, a queda da capital de Oyó provocou uma guerra civil destruidora, que se prolongaria até o final do século. Verdadeiras multidões de prisioneiros dessa guerra vieram parar na Bahia como escravos de modo que, em meados do século XIX, mais da metade da população escrava baiana já era nagô-iorubá. Subgrupos étnicos de todas as regiões ocupadas pelos iorubás na África Ocidental, a chamada Iorubalândia, como oyós, ijexás, ketos, efans, dentre vários outros, trouxeram suas divindades para o exílio, as quais foram sendo "assentadas" no terreiro da Barroquinha. Ao mesmo tempo algumas associações urbanas daquela origem, chamadas egbés, organizaram-se clandestinamente na Bahia, desde as primeiras décadas do século XIX. A maioria desapareceu com o tempo, deixando, entretanto, alguns traços visíveis, títulos, máscaras, cantigas ou objetos de culto, associações femininas cívico-religiosas. Além do bem sucedido culto dos orixás, também ficou para contar história o culto dos eguns (almas de mortos), preservado apenas em alguns terreiros, mas que ainda hoje dá mostras de vitalidade.

    Por causa desse grande contingente nagô-iorubá, a Bahia foi levada em consideração pelos estrategistas da reorganização do Império. As tradições contam que vieram pessoas dos escalões superiores dos estados iorubás, em missão secreta, para organizar os cultos assentados na Barroquinha e articulá-los aos egbés baianos. A mais importante delas foi Iyá Nassô, personalidade do primeiro escalão do cerimonial do palácio de Oyó. Essas pessoas criaram uma nova forma de organização, ao estruturar o grande candomblé de Ketu tal qual é conhecido hoje.

    O candomblé da Barroquinha foi o espaço que abrigou um grande acordo político reunindo os nagô-iorubás da Bahia, sob a liderança dos partidários das divindades Oxóssi de Ketu e Xangô de Oyó. Lembremos das duas festas principais do calendário da Casa Branca que comemoram sua fundação: a principal, dedicada a Oxóssi, no dia de Corpus Christi, e a segunda, dedicada a Xangô, no dia de São Pedro. O compromisso da elite dirigente foi firmado na estrutura espacial básica do candomblé: o terreiro, no seu conjunto, pertence a Oxóssi, o onilé, o senhor da terra, enquanto que o barracão central, lugar da festa pública, pertence a Xangô, o onilê, o senhor do palácio. O acordo entretanto contou com vários outros subgrupos iorubanos aliados.

    Do ponto de vista ritual, o caráter fundamentalmente inovador do candomblé da Barroquinha caracterizou-se pelo fato de que, pela primeira vez na história da religião africana, reuniu-se o culto de todos os orixás no mesmo templo, o que pressupõe uma ordem unificada das hierarquias dos diversos cultos, sob o comando da iyalorixá, a sacerdotisa suprema. Além do mais, as lideranças dos egbés iorubanos da Bahia foram convocadas recebendo títulos no culto dos principais orixás. Essas lideranças eram eventualmente dirigentes de organizações oficiais, como a irmandade do Senhor dos Martírios ou a devoção feminina da Senhora da Boa Morte, fundada na igreja da Barroquinha. O candomblé deixou portanto de ser apenas uma casa de culto para tornar-se uma organização político-social-religiosa complexa.

    Na composição do candomblé da Bahia, as diferentes etnias da Iorubalândia, como os ijexás e efans, numericamente mais expressivos do lado de cá, não poderiam ser ignoradas. Assim, no barracão da festa pública, plantaram-se quatro pilares centrais representando os quatro cantos do país iorubá, cada pilar dedicado a um dos regentes da casa, ao Oxóssi de Kentu, ao Xangô de Oyó, à Oxum de Ijexá e ao Oxalá de Efan. Essas são as quatro tradições mantidas na Casa Branca: os candomblés de Ketu na Bahia não seguem apenas a tradição jeje-nagô, mas também as tradições de outras etnias: oyó (ou iorubá-tapá), ijexá e efan.

    A memória oral relata que, a uma certa altura, o terreiro da Barroquinha foi invadido pelas forças policiais da província, sendo o candomblé obrigado a abandonar o local, mas ninguém tem a menor ideia de quando se deu a mudança. Sabemos que, em 1855, a Casa Branca já funcionava no lugar onde atualmente se encontra, no bairro da Federação. Na década de 1850 predominou o grupo conservador liderado por Francisco Gonçalves Martins, um homem da linha dura que fora chefe de Polícia durante o grande levante dos malês, em 1835. Já 1851 foi o ano de chegada da ideologia do progresso ao Brasil, quando então as elites tentaram esquecer o passado colonial e adotar um modelo moderno de sociedade, no rastro da Europa e da América. Nesse novo contexto, precisava-se provar ao mundo que éramos ocidentais "civilizados" e para tanto  incrementamos a imigração europeia visando "limpar" nossa raça, o que segundo doutrinas científicas então prestigiadas, era a única maneira de nos habilitarmos ao progresso.

    A perseguição ao candomblé da Barroquinha  fazia parte dessa política, que o obrigou a procurar o "seu lugar". A tirania colonial, mantida mesmo depois da independência política, não poderia jamais permitir que uma organização africana se tornasse centro. Por isso, o candomblé da Barroquinha foi obrigado a recuar para a periferia, onde até hoje gloriosamente se encontra, dividindo espaço na cidade de Salvador com outros terreiros, como o Gantois e o Axé Opô Afonjá, que mantêm viva a fé que atravessou o oceano.


Texto de Renato da Silveira, que é professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutor em antropologia pela École de Hautes Études em Sciences Sociales da Paris. Pesquisa a história do candomblé na Bahia há 30 anos. Retirado da Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 1, nº 6, Dezembro de 2005, Ministério da Cultura.

sábado, 14 de maio de 2022

Recursos Mediúnicos

    A mediunidade é recurso paranormal inerente a todos os homens. Conquista do Espírito através do tempo, melhor se expressa naqueles que mais facilmente se liberam das constrições do instinto, normalmente predominante em a natureza humana.

    Instrumento para o intercâmbio entre as mentes desencarnadas e as criaturas ainda retidas no envoltório físico, varia em sensibilidade de captação e capacidade de filtragem, qual ocorre com as demais faculdades do ser.

    Mais aguçada em uns indivíduos do que em outros, surge, espontaneamente, requerendo educação e estudo para atingir a finalidade a que se destina, como o embrião que espera cuidados e atenção para adquirir segurança, a fim de alcançar a meta que o aguarda.

    As resistências e valores morais do médium lhe constituem a garantia indispensável para o ministério a que se propõe.

    A queda de água em desalinho produz desastres, enquanto que a canalizada gera força e energia.

    A eletricidade, para alcançar o destino que a aguarda, impõe a presença de cabos condutores à altura da sua potência.

    A segurança do edifício depende da estrutura na qual se apoia.

    A perfeição  do equipamento repousa na harmonia e na superior qualidade das suas peças.

    A mediunidade, da mesma forma, necessita de vários e indispensáveis requisitos para produzir com segurança e equilíbrio.

    médiuns e médiuns, que enxameiam por toda parte.

    Conscientemente ou não, sintonizam, por automatismo ou desejo, com as mentes que lhes são afins.

    Porque a população do mundo espiritual seja muito maior do que a do plano físico, os homens sempre se encontram acompanhados por entidades desencarnadas, consoante os compromissos de outras reencarnações ou as tarefas a que ora se vinculam.

    De acordo com a direção mental, as tendências, os hábitos e os interesses humanos, são estabelecidos os vínculos de ligação psíquica e dependência física com os Espíritos.

    Como resultados, encontramos:

    - os médiuns da insensatez e do crime, bem como os medianeiros da esperança e da ordem;

    - os médiuns da perversidade e da alucinação, assim como os portadores da bondade e do equilíbrio;

    - os médiuns dos vícios, escravizados aos tormentos que os ensandecem, assim também os veiculadores da virtude e da previdência;

    - os médiuns da ignorância e da sombra, mas, igualmente, os mensageiros da luz e do conhecimento;

    - os médiuns da ira, da calúnia, do ódio, no entanto, outros que o são do amor, da verdade, da paz...

    Diferem uns dos outros pelo comportamento a que se entregam, tornando-se, portanto, veículos daqueles com os quais estabelecem ligação.

    Identificando, ou não, a presença de recursos mediúnicos em ti mesmo, recorre à oração nos momentos de difícil decisão ou de testemunho, de trabalho ou de repouso.

    Observa-te, tentando conheceres-te em profundidade.

    Procura fixar as tuas características pessoais superiores, eliminando aquelas que se te irrompem intempestivamente, como resultado da própria impulsividade ou de inspiração negativa.

    Recorda-te da invigilância mediúnica de Pedro, que se deixou vencer pelo medo a ponto de negar o Amigo, e da obsessão em Judas, que o levou a trair o Divino Benfeitor, mantendo-te atento e digno, a fim de que as "forças do mal" não te propilam a situações lamentáveis, de que te arrependerás.


Texto retirado do livro Momentos de Coragem; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis; Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 8ª Edição, 2014.

sábado, 7 de maio de 2022

Crucificação Libertadora

    A crucificação de Jesus é mais do que um marco assinalando profundamente os fatos históricos da Humanidade.

    Representa uma luz que se expande na direção do futuro, abrangendo todos os períodos porvindouros.

    O Seu holocausto jamais se apagará da memória dos tempos, pelo motivo de ter sido Ele, o Justo por Excelência, que se doou em sacrifício de amor.

    Antes, foram inúmeros os homens crucificados sob a sanha sanguissedenta de dominadores arbitrários, que se compraziam em matanças sistemáticas, ou de governantes impiedosas que aplicavam a justiça mediante a pena capital, elegendo esse método cruel.

    Depois, prosseguiram as crucificações por paixões políticas, sociais, raciais, legalizando o crime do Estado, que pretendia cobrar delitos imaginários ou reais no organismo social e individual.

    Em Sua homenagem, muitos discípulos, fascinados pelo Seu amor, e amando, deixaram-se crucificar, queimar, devorar pelas feras, desterrar, consumir-se em cárceres infectos, dando prosseguimento ao seu programa.

    Ele, porém, fez-se o Modelo, iniciando a Era da resistência pacífica, de que Sócrates se transformara no primeiro mártir, sendo condenado à morte sem haver praticado qualquer crime, exceto o de ensinar a ética da imortalidade, da moral e do bem, numa época de abuso do poder e de dissipações.

    A Cruz do Gólgota permanece como símbolo de resistência ao mal transitório, que o tempo supera, abrindo espaço para o bem, que permanece.

    Hoje ainda prosseguem as crucificações daqueles que O amam e desejam segui-lO.

    Cruzes invisíveis são acionadas e nelas são imolados incontáveis apóstolos, que se deixam sacrificar.

    Urdem-se calúnias com as quais os azorragam.

    Acionam-se mecanismos restritivos que os impedem de avançar.

    Movimentam-se forças tenebrosas que lhes obscurecem os céus da esperança e os atingem no cerne da alma.

    Seviciam-nos com a maledicência e a suspeita sistemática, tornando quase insuportáveis as suas horas.

    Dilapidam-lhes o caráter, através de infâmias habilmente apresentadas.

    Os crucificadores também permanecem desafiando os tempos. Um dia, porém, não muito distante, arrependidos, se renovarão, iniciando as experiências redentoras do amor.

    Se pretendes identificar-te com Jesus, provarás a crucificação nas trevas imateriais da renúncia, do silêncio e da abnegação.

    Quem O ame, não transita no mundo indene ao testemunho de fidelidade.

    Experimentarás solidão, e muitos dos teus anelos se desfarão como névoa ao Sol, a fim de que nenhuma ilusão te perturbe a lucidez do amor por Ele.

    Conhecerás de perto o apodo e a humilhação, e, confiando, não te rebelarás.

    Provarás o vinagre da ingratidão e o fel do abandono.

    Terás o coração em chaga moral a doer.

    Todavia, quando parecer que não mais suportarás as aflições da cruz, Ele te aparecerá e suavemente te libertará, conduzindo-te ao Seu reino de bênçãos para sempre.


Texto retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis; Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2014.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Dia Mundial da Língua Portuguesa

    Volta e meia alguém olha atravessado quando escrevo "leiaute", "becape" ou "apigreide" - possivelmente uma pessoa que não se avexa de escrever "futebol", "nocaute" e "sanduíche".

    Deve se achar um craque no idioma, me esnobando sem saber que "craque" se escrevia "crack" no tempo em que "gol" era "goal", "beque" era "back" e "pênalti" era "penalty". E possivelmente ignorando que esnobar venha de "snob".

    Quem é contra a invasão das palavras estrangeiras (ou do seu aportuguesamento) parece desconsiderar que todas as Línguas do mundo se tocam, como se falar fosse um enorme beijo planetário.

    As palavras saltam de uma Língua para outra, gotículas de saliva circulando em beijos mais ou menos ardentes, dependendo da afinidade entre os falantes. E o Português é uma Língua que beija bem.

    Quando falamos "azul", estamos falando Árabe. E quando folheamos um almanaque, procuramos um alfaiate, subimos uma alvenaria, colocamos um fio de azeite, espetamos um alfinete na almofada, anotamos um algarismo.

    Falamos Francês quando vamos ao balé usando um paletó marrom, quando fazemos um croqui ou uma maquete com vidro fumê; quando comemos uma omelete ou pedimos na boate um champanhe ao garçom; quando nos sentamos no bidê, viajamos na maionese ou quando um sutiã (sob o edredom) provoca uma gafe - ou um frisson.

    Falamos em Tupi ao pedir açaí, um suco de abacaxi ou pitanga; quando vemos um urubu ou um sabiá, ficamos de tocaia, votamos no Tiririca, botamos o braço na tipoia, armamos um sururu, comemos mandioca (aipim ou macaxeira), regamos uma samambaia, deixamos a peteca cair. Quando comemos moqueca capixaba, tocamos cuíca e cantamos Garota de Ipanema.

    Dá pra imaginar a Bahia sem a capoeira, o acarajé, o dendê, o vatapá, o axé, o afoxé, os orixás, o agogô, os atabaques, os abadás, os babalorixás, as mandingas, os balangandãs? Tudo isso veio no coração dos infames "navios negreiros".

    As palavras estrangeiras sempre entraram sem pedir licença, feito uma tsunami. E muitas vezes nos pegando de surpresa, como numa blitz.

    Posso estar falando grego e estou mesmo. Sou ateu, apoio a eutanásia, gosto de metáforas, adoro bibliotecas, detesto conversar ao telefone, já passei por várias cirurgias. E não consigo imaginar que palavras usaríamos para a pizza, a lasanha, o risoto, se a máfia da Língua Italiana não tivesse contrabandeado esse vocabulário junto com a sua culinária.

    Há, claro, exageros. Ninguém precisa de um "delivery" se pode fazer uma entrega; ou anunciar uma "sale" se se trata de uma "liquidação". Pra quê sair pra "night de bike" se dava pra tranquilamente pra sair pra noite de bicicleta?

    Mas a Língua Portuguesa também se insinua dentro das bocas falantes de outros Idiomas. Os japoneses chamam capitão de "kapitan", copo de "koppu", pão de "pan", sabão de "shabon". Tudo culpa nossa. Como o café, que deixou de ser apenas o grão e a bebida, para ser também o lugar onde é bebido. E a banana, tão fácil de pronunciar quanto de descascar e que por isso foi incorporada tal e qual a um sem-fim de Idiomas. E o caju, que virou "cashew" em Inglês (eles nunca iam acertar a pronúncia mesmo).

    "Fetish" vem do nosso fetiche e não o contrário. "Mandarim", seja o idioma, seja o funcionário que manda, vem do portuguesíssimo verbo "mandar". O americano chama melaço de "molasses", mosquito de "mosquito" e piranha de "piranha" - não chega a ser a conquista da América, mas é um começo.

    Tudo isso é a propósito do e de Maio, Dia da Língua Portuguesa, cada vez mais inculta e nem por isso menos bela. Uma Língua viva, vibrante, maleável, promíscua - vai de boca em boca, bebendo de todas as fontes, lambendo o que vê pela frente.

    Mais de oitocentos anos e com um tesão de vinte e poucos.

Texto de Eduardo Afonso.


sábado, 30 de abril de 2022

O Significado da Vida

    Na grande mola humana, cada pessoa dá à vida um significado especial.

    Esta, objetiva a aquisição da cultura; essa busca o destaque social, aquela, anela pela fortuna; estoura, demanda o patamar da glória...

    Uma quer a projeção pessoal; outra anseia pela construção de uma família ditosa, cada qual se empenhando mais afanosamente para atingir o que estabelece como condição de meta essencial.

    Tal planificação, que varia de indivíduo para indivíduo, termina por estimular à luta, à competição insana, ao desespero.

    Conseguido, porém, o que significou como ideal, ou reprograma o destino ou tomba em frustração, descobrindo-se irrealizado ou vítima de saturação do que haja conseguido, sem plenificar-se interiormente.

    A vida, entretanto, possui um significado especial que reside no autodescobrimento do homem, que passa a valorizar o que é ou não importante no seu peregrinar evolutivo.

    Este desafio se torna individual, unindo, sem embargo, no futuro, os seres numa única família, que entrelaça os ideais em sintonia perfeita com a energia que emana de Deus e é o élan vitalizador da vida.

    Os meios da tua sobrevivência orgânica emulam-te para avançar ao encontro da finalidade da existência.

    O azeite sustenta a chama, porém a finalidade desta não é crepitar, mas derramar luz e aquecer.

    Enquanto não te empenhes, realmente, na busca da tua realidade espiritual, seguirás inseguro, instável, sem plena satisfação.

    Todas as aquisições que exaltam o ego, terminam por entediar.

    A maneira mais eficiente para o cometimento de real significado da vida é a experiência do amor.

    Amor que doa e liberta.

    Amor que renuncia e faz feliz.

    Amor que edifica, espalhando esperança e bênçãos.

    Amor que sustenta vidas e favorece ideais de enobrecimento.

    Amor que apazigua quem o sente e dulcifica aquele a quem se doa.

    O amor é conquista muito pessoal, que necessita do combustível muito pessoal, que necessita do combustível da disciplina mental e da ternura do sentimento para expandir-se.

    O significado essencial da vida repousa, pois, no esforço que cada criatura deve encetar para anular as paixões dissolventes, colocando nos seus espaços emocionais o divino hálito, o amor que se origina em Deus.


Texto retirado do livro Momentos de Meditação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis; Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

África Reinventada

    Trazidas com a diáspora forçada pela escravidão nas Américas, as crenças de origem africana fincaram raízes na nova terra. Aqui foram reformuladas a partir do encontro das diferentes "nações" negras que misturaram em diversos cantos do país suas divindades, lendas e rituais: batuque no Sul, tambor no Norte, umbanda no Sudeste, xangô em alguns estados do Nordeste, candomblé em outros mais. Ao rever a construção dessa tradição de fé, vemos a perseguição ao calundu ainda no século XVIII, a fama de curandeiros derrubando barreiras sociais na capital do Império, voduns e orixás se confundindo em terreiros, objetos de feitiçaria apreendidos pela polícia, mas ainda impondo respeito, mesmo sob a guarda da lei.

    A história das religiões afro-brasileiras revela muito de nossas crenças e também de nossos preconceitos. Revela, sobretudo a mistura entre raças, etnias e grupos sociais que deu forma a uma cultura de incorporações e resistência. Ainda hoje, essas manifestações rituais são o testemunho vivo, marcado na gira de um orixá, no toque do atabaque ou no canto em iorubá, do universo cultural africano assentado desse lado de cá do Atlântico.

    Os atabaques começam o ijiká, o toque que reverencia todos os orixás. Quem for de paz pode entrar.


Texto de Renato da Silveira. Professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutor em Antropologia pela École de Hautes Études em Sciences Sociales de Paris. Introdução da matéria publicada na Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano I, nº 6, Dezembro de 2005. Ministério da Cultura.

sábado, 23 de abril de 2022

Ante o Tempo

    Generaliza-se o hábito de adiar realizações, sob justificativas sem cabimento, ocultando-se mecanismos neuróticos da personalidade em processo de destruição do homem.

    Neste sentido, as pessoas parecem detestar o tempo e procuram anulá-lo, utilizando-se de fórmulas escapistas, mediante as quais tudo transferem para depois, em um amanhã de difícil logro.

    Subitamente, porém, dão-se conta do acúmulo de compromissos a atender, afligindo-se, e, precipitadamente, intentam dar cumprimento ao que já deveria estar realizado há muito tempo.

    O velho brocado que afirma, "o tempo passa", encontra-se decadente, já que, eterno, é sempre o mesmo, sendo as pessoas que o atravessam, qual ocorre com os acontecimentos que nele se manifestam.

    Tentar tornar-se insensível ao tempo é fórmula neurotizante, em busca ingênua de ignorar uma realidade iniludível.

    Esse mecanismo se manifesta através das fugas psicológicas expressas nos axiomas "passar o tempo", "matar o tempo", qual se este fosse algo indesejável, mortificante, devastador.

    Há uma preocupação muito grande em gastar-se ou não o tempo, tornando-o uma coisa de fácil consumpção. Noutras vezes, diz-se "encher as horas", para delas ver-se livre. E são tomadas providências para tal: bebidas alcoólicas, drogas alucinógenas, tabagismo, sexo, desportos variados, jogos, divertimentos...

    Antecipando-se, porém, a todas essas escapadas emocionais, o tempo se apresenta imutável aguardando...

    Com isto, não há, conforme pretendem os ociosos e neuróticos, como adiar os mecanismos de ação da vida ou ignorá-los.

    Há quem planeje anular os tempos maus através de esperanças que, talvez, não se concretizem, afirmando: mais tarde este panorama se modificará, ou quando eu conseguir um trabalho, ou assim que eu recuperar a saúde...

    Não te facultes as transferências de tempo através de fórmulas anestesiantes em relação à atualidade, omitindo-se quanto aos deveres que te cabe assumir neste momento.

    O tempo é a tua oportunidade de realização, que deves aproveitar com empenho.

    Períodos haverá mais difíceis, nos quais viverás desafios mais severos.

    Quem busca viver bem no futuro, desperdiçando o presente, não alcançará esse porvir ambicionado.

    Da mesma forma, viver parado nas evocações do pretérito, é maneira inditosa de perder a ocasião e produzir felicidade.

    Certamente, o tempo te proporciona  variações emocionais curiosas: na dor, uma hora se estende indefinidamente, enquanto na alegria ela tem a celeridade de um relâmpago.

    Viver intensamente é a melhor maneira de o enfrentar, quando ele passará a brindar-te uma dimensão agradável, rápida e feliz.

    Cria os teus momentos fecundos, vivendo a realidade conforme se expresse.

    O presente é a única dimensão que tens ao alcance.

    O que sucedeu existe apenas durante o período que o recordes.

    O que virá é incerto.

    Jesus ensinou-nos esta conduta fazendo tudo quanto pretendia, e emulando-nos a valorizar o hoje em face da sua grandiosa significação.


Retirado do livro Momentos de Iluminação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis; Livraria Espírita Alvorada Editora; Salvador, 2015, 4ª Edição.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Desenredo (G.R.E.S Unidos do Pau Brasil)

 No dia em que o jovem Cabral chegou por aqui ô ô

Conforme diversos anúncios na televisão

Havia um corro afinado da tribo tupi

Formado na beira do cais cantando em inglês

Caminha saltou no navio assoprando

Um apito em free bemol

Atrás vinha o resto empolgado da tripulação

Usando as tamancas no acerto da marcação

Tomando garrafas inteiras de vinho escocês

Partiram num porre infernal por dentro das matas ô ô

Ao som de pandeiros, chocalhos e acordeom

Tamoios, Tupis, Tupiniquins, Acarajés ou Carijós, sei lá

Chegaram e foram formando aquele imenso cordão

Meu Deus, "quibão"

E então de repente invadiram a avenida central, mas que legal!

E meu povo vestido de tanga adentrou ao coral

Um velho cacique baiano sacou do pistom

E deu como aberto em decreto mais um carnaval

E assim a 22 daquele mês de abril

Fundaram a Escola de Samba

Unidos do Pau Brasil


Música de Gonzaguinha gravada por ele no então LP Gonzaguinha da Vida, lançado pela Gravadora Odeon em 1979 e relançado em CD posteriormente. Leila Pinheiro em 2000 lançou o CD Reencontro, com músicas de Ivan Lins e Gonzaguinha regravando essa canção em um arranjo muito bonito. Em 2016 a cantora gaúcha Mirianês Zabot também lançou um CD em homenagem a Gonzaguinha intitulado Pegou Um Sonho e Partiu - Mirianês Zabot Canta Gonzaguinha, em Produção Independente e, também, incluiu essa música... Lindo!!

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Toda Vez

Meu coração

Toda vez que te vê

Quer gritar, se arriscar

Sair cantando

Me delatando pra todo mundo

Pensa que está

Fora do alcance

E sai me anunciando

Quando leve você passa

Me entregando assim

De graça

Nesse estado inevitável

Da paixão

Mas fecho os olhos então

E ele fica mudo

Meu escuro é meu escudo

E silencioso

É meu coração...


Música de Zélia Duncan e Christiaan Oyens que faz parte do CD Acesso, lançado por ela em 1998 pela Gravadora WEA.

Vou te roubar um beijo

 Você me atrai

Seduz o meu coração

E eu sei que preciso me embriagar numa paixão

Você tocou as curvas de minha mão

E eu senti no corpo o sinal da tentação

Se você me disser que é real esse olhar

Essa luz, esse seu desejo

Vou seguir a paixão que há em mim

Baby, baby, vou te roubar um beijo


Quero beber teu vinho

Nos teus lábios me embriagar

Sinto que estou no cio

E por um fio pra te amar

Já não suporto a força da paixão a me chamar

Pra oração que o nosso corpo quer rezar

Se você me disser que é real esse olhar

Essa luz

Baby, vou te roubar um beijo


Música de Altay Veloso que faz parte do primeiro LP da cantora goiana Maria Eugênia. Na gravação, o compositor divide os vocais com ela. Em 1994, ela lança o CD Dois Gumes, em Produção Independente e, além do repertório do atual, inclui seis canções do LP original.