quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Oiá-Iansã

 Filha de Nanã, Oiá-Iansã é a deusa do Rio Níger, o orixá dos ventos, das tempestades, dos tufões. Conhecida como Iansã, é justiceira e destemida e a "senhora" dos espíritos dos mortos.


Guerreira e agitada como o próprio vento, Oiá-Iansã tinha um temperamento  ardente e impetuoso. Sensual e extrovertida, viveu com Ogum e depois se tornou a primeira mulher de Xangô. Segundo as tradições, foi com Ogum que aprendeu o uso das armas e a enfrentar os campos de batalha.

De acordo com os mitos, Iansã foi a única mulher de Xangô que, ao final do seu reinado, seguiu-o para Tapá. Quando Xangô se recolheu para baixo da terra em Kôsso, ela fez o mesmo em Irá.

Destemida e justiceira, Iansã tem ligações com o mundo subterrâneo. Ela é considerada a "Senhora" absoluta dos Eguns (espíritos dos mortos) e, segundo os mitos, compete somente a ela conduzi-los para longe ou perto dos seres vivos. Devido a esses atributos, ela também é conhecida como a "Deusa dos Cemitérios".

Iansã também favorece a fecundidade, pois, como deusa das tempestades, contribui para a fertilidade do solo. Embora sua figura seja associada à sensualidade, ela guarda uma boa distância dos outros orixás femininos da mitologia africana, aproximando-se mais dos terrenos consagrados ao homem. Suas emoções sempre foram intensas, reagindo de forma dramática a qualquer situação perturbadora. Ela sempre está distante do lar, presente nos campos de batalha e nos caminhos repletos de aventuras. Entretanto, uma grande ofensa a Iansã é a agressão, de qualquer espécie, aos seus filhos.

Iansã é um orixá muito famoso no Brasil e é associada à figura católica de Santa Bárbara. Nas cerimônias, Iansã sempre surge, quando incorporada a seus filhos, como autêntica guerreira, brandindo sua espada, ameaçando os outros, prometendo a guerra, a justiça.

As pessoas dedicadas a Iansã usam colares de contas de vidro grená. A quarta-feira é o dia da semana consagrado a ela, o mesmo dia de Xangô, seu marido. Seus símbolos são os chifres de búfalo e um alfanje. Suas danças são guerreiras com movimentos sinuosos e rápidos, que evocam as tempestades e os ventos.


Arquétipo


O arquétipo de Oiá-Iansã é o de mulheres guerreiras e audaciosas que, apesar de serem leais em certos momentos, são facilmente levadas pela cólera quando contrariadas. De temperamento sensual, são dadas a aventuras amorosas. Podem repentinamente mudar o rumo de sua vida por um ideal ou por amor. Acreditam que com coragem e disposição podem vencer qualquer tipo de obstáculo. Suas atitudes imprevisíveis costumam fascinar os que os cercam porque são francas e sinceras. São amigos leais e fiéis, francos e sinceros e expressam suas alegrias e tristezas sem muito pudor. Em geral, são pessoas alegres, intrigantes, autoritárias e depreendidas. Quando negativas, tendem a ter depressão e ciúmes em excesso.


Texto retirado da revista Sexto Sentido Especial - Orixás; Mythos Editora, São Paulo, 2010.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Ossain

 Ossain é o orixá que detém todos os segredos das folhas e de seus preparos, sem esse conhecimento, nenhuma cerimônia aos orixás pode ser realizada.


Ossain é o deus das plantas medicinais e litúrgicas. Sua importância é essencial, pois ele sabe os mistérios e os poderes das ervas, a forma como devem ser utilizadas e as palavras de poder que despertam seus poderes secretos nos rituais aos deuses. Ele é o detentor do axé (poder, vitalidade, energia e força), de que nem mesmo os orixás podem privar-se. Esse axé encontra-se em folhas e ervas específicas. As folhas nascidas das árvores e as plantas constituem uma emanação direta do poder  sobrenatural da terra fertilizada pela chuva (água-sêmen). Dessa forma, o poder das plantas são múltiplos e usados para diversos fins. Muitas lendas afirmam que, devido ao seu conhecimento, Ossain fazia com que os outros orixás dependessem dele em todos os cultos.

As áreas consagradas a Ossain são os pequenos recantos, onde apenas os sacerdotes podem entrar. Nesses locais, as plantas crescem de maneira selvagem.

Ossain é considerado o orixá da cor verde, do contato mais íntimo com a natureza. Seu domínio estende-se particularmente às folhas, nas quais corre o seu sumo. Graças a esse domínio, Ossain é figura marcante porque o "sangue dos vegetais" é usado em todos os rituais importantes.

Ele é o orixá a quem se pede ajuda para diferentes problemas, seja a doença, sejam os encantamentos. Alguns dizem que ele vive na floresta de Aroni, um anãozinho semelhante ao saci-pererê, que tem uma única perna e fuma permanentemente um cachimbo feito de casca de caracol.

Outras lendas dizem que, da mesma forma que outros magos, Ossain vive sozinho, em estreita e diária ligação com as plantas, como um misterioso e solitário ermitão.

No Brasil, os filhos de Ossain usam colares de contas verdes e brancas. Sábado é o dia consagrado a ele. O ritmo dos seus cantos e das danças é particularmente rápido, saltitante e ofegante.


Arquétipo


O arquétipo de Ossain é o de pessoas equilibradas, que não permitem que suas simpatias e antipatias pessoais intervenham em suas decisões ou influenciem suas opiniões sobre o universo à sua volta. Não é introvertido, mas também não faz muita questão de convívio social. Reservado, não intervém em questões que não lhe digam respeito. Existe sempre uma certa aura de mistério envolvendo sua história passada. Muitas vezes, podem ser julgados individualistas por não se preocuparem com o que acontece fora da sua esfera. São pessoas meticulosas que não se deixam levar pela pressa. Geralmente não gostam de trabalhar em conjunto e o fazem apenas quando o trabalho em grupo pode gerar o resultado esperado. A religiosidade e seus aspectos ritualísticos despertam seu interesse, assim como os costumes e tradições.


Texto retirado da revista Sexto Sentido Especial - Orixás; nº 46, Mythos Editora, São Paulo, 2010.

domingo, 16 de janeiro de 2022

O Último Suspiro

 No dia 22 de março de 1312, em Vienne, França, o papa Clemente V publicou a bula Vox in Excelso para destruir os Cavaleiros Templários. Os extratos da bula revelam os crimes imputados aos Templários e as ações tomadas por Clemente para suprimir a Ordem.


"Pouco tempo atrás, à época de nossa eleição como sumo pontífice e antes de virmos a Lyon para nossa coroação, e depois, tanto lá como em outros lugares, recebemos notificações secretas contra o mestre, preceptores e outros irmãos da Ordem dos Cavaleiros Templários de Jerusalém e, também, contra a ordem em si. Tais homens foram alocados em terras do ultramar para a defesa do patrimônio de Nosso Senhor Jesus Cristo; e como guerreiros especiais da fé católica e defensores da Terra Santa pareciam os grandes responsáveis pela estabilidade da mencionada região. Por esse motivo, a santa igreja romana honrou tais irmãos e a ordem com seu apoio especial, armando-os com o símbolo da cruz contra os inimigos de Cristo... Portanto, foi contra o próprio Senhor Jesus Cristo que eles praticaram o ímpio pecado da apostasia, o abominável vício da idolatria, o crime mortal dos sodomitas e diversas heresias. Ainda assim, não era esperado nem parecia crível que homens tão devotos, que muitas vezes foram extraordinários a ponto de derramar o próprio sangue por Cristo e repetidas vezes foram vistos expor suas pessoas a perigos mortais, que ainda com maior frequência foram vistos dando grandes sinais de devoção tanto em termos de adoração divina, no jejum e em outras práticas, seriam tão negligentes de sua salvação ao cometer tais crimes.

Então veio a intervenção de nosso dileto filho em Cristo, Filipe, o ilustre rei da França. Os mesmos crimes haviam sido relatados a ele. Filipe não agiu motivado pela cobiça. Ardente no zelo pela fé ortodoxa, ele seguiu os bem marcados passos de seus ancestrais. Ele extraiu o máximo de informação permitida por lei. A seguir, para nos lançar mais luz sobre o tema, Filipe nos enviou valiosas informações por meio de enviados e cartas. Crescia o escândalo contra os Templários em si e sua Ordem no que tange aos crimes já mencionados.

Houve até um dos cavaleiros, um homem de sangue nobre e conhecida reputação na Ordem, que testemunhou secretamente sob juramento diante de nossa presença, que, quando de sua admissão, o cavaleiro que o recebeu o instou a negar a Cristo, o que ele fez, na presença de outros cavaleiros do Templo; ademais, ele cuspiu na cruz estendida para ele por esse cavaleiro que o admitira. Ele também disse ter visto o grão-mestre, que ainda está vivo, admitir certo cavaleiro num capítulo da Ordem no ultramar. A admissão se deu da mesma maneira, nomeadamente com a negação de Cristo e o cuspe na cruz, na presença de cerca de 200 irmãos da Ordem. A testemunha ainda afirmou ter ouvido dizerem que aquele era o modo costumeiro de admitir novos membros: instado pela pessoa que admite a profissão ou por seu representante, o neófito nega Jesus Cristo e, para insultar o Cristo crucificado, cospe na cruz apresentada a ele, e os dois cometiam outros atos ilegais contrários à moral cristã, como a própria testemunha confessou em nossa presença.

Estávamos moralmente obrigados por nosso ofício a prestar atenção ao rumor de tão graves e repetidas acusações... Como nós, indignamente, representamos Cristo na Terra, consideramos que deveríamos, seguindo seus passos, fazer uma investigação. Convocamos à nossa presença muitos dos preceptores, padres, cavaleiros e outros irmãos da Ordem que eram de sabida reputação. Sob juramento, foram conjurados com insistência pelo Pai, o Filho e o Espírito Santo; exigimos, em virtude da santa obediência, invocando o julgamento divino com a ameaça da danação eterna, que pura e simplesmente contassem a verdade. Salientamos, então, a eles que se encontravam em local seguro e adequado onde nada tinham a temer apesar das confissões que haviam feito diante de outros. Exprimimos nosso desejo que tais confissões não lhes causariam prejuízos. Desse modo procedemos nosso interrogatório e examinamos 72, muitos dos nossos irmãos estavam presentes e obedeciam cuidadosamente aos procedimentos. Em nossa presença, as confissões foram anotadas pelo notário e registradas como documentos autênticos...

A seguir, buscando fazer uma investigação pessoal (...) convocamos o grão-mestre, o visitador da França e os preceptores-chefe de Ultramar, Normandia, Aquitânia e Poitou a comparecerem diante de nós enquanto estávamos em Poitiers...

Tomando por base essas confissões, depoimentos escritos e relatórios, descobrimos que o mestre, o visitador e os preceptores de Ultramar, Normandia, Aquitânia e Poitou muitas vezes cometeram ofensas graves, embora alguns tenham transgredido com menos frequência que outros. Nós consideramos que esses crimes medonhos não poderiam nem deveriam ficar impunes sem insultar ao Deus todo-poderoso e a todos os católicos. Aconselhados por nossos irmãos, decidimos instaurar uma averiguação dos acima citados crimes e transgressões. Assim que foram concluídas e enviadas para nosso exame, as investigações foram lidas e examinadas com cuidado, algumas por nós mesmos e outras por nossos irmãos, cardeais da santa igreja romana e outros ainda por homens de grande saber, tementes a Deus, prudentes e confiáveis...

Mais adiante, viemos a Vienne, onde já encontravam reunidos vários patriarcas, arcebispos, bispos escolhidos, abades recolhidos e não recolhidos, outros prelados da igreja...

Havia duas opiniões: alguns diziam que a sentença deveria ser pronunciada imediatamente, condenando a ordem por seus alegados crimes; já outros objetavam que, tendo por base os procedimentos seguidos até então, a sentença contra a Ordem não podia ser simplesmente enunciada. Após longa e ponderada deliberação, tendo apenas Deus em nossa mente e o bem da Terra Santa, sem tomar partido por ninguém, optamos por proceder pelo caminho da providência e da ordenação, dessa forma o escândalo seria removido, os perigos evitados e a propriedade salva para ajuda da Terra Santa...

Portanto, com o coração pesaroso, não pela sentença final, mas pela providência e ordenação apostólicas, com a aprovação do sagrado conselho, nós extinguimos a Ordem dos Templários, suas regras, hábitos e nome, por meio de um édito perpétuo e inviolável e proibimos que de agora em diante alguém seja admitido na Ordem, receba ou vista seu hábito ou pretenda se comportar como um Templário. Quem agir de outra forma incorrerá em excomunhão. Ademais, reservamos as pessoas e propriedades à nossa disposição e da Sé Apostólica (...)".


Retirado da revista Especial Templário, Ano I; Editora Selo Qualidade de Vida, São Paulo.

sábado, 15 de janeiro de 2022

Em Soledade

 A tua não é uma soledade única.

A Terra se encontra repleta de pessoas que, por uma ou outra razão, foram conduzidas à solidão.

Este fugiu do mundo, receando agressão, marcado por dores íntimas que o acompanham desde a infância.

Esse afastou-se do convívio social por haver sofrido o que considera uma injustiça.

Aquele deixou-se cair na depressão e buscou o seu mundo íntimo, onde se refugia, cerrando a porta à solidariedade.

Este outro, temendo não ter forças para resistir ao contato com as pessoas, transferiu-se para as montanhas e praias da meditação, afastando-se de todos.

Mais alguém, cansado da batalha diária, renunciou ao movimento geral e aquietou-se, quase se alienando.

A tua soledade, porém, é feita de amargura, porque, no meio dos indivíduos felizes e atraentes, ninguém tem tempo para ti, nem despertas a amizade ou o interesse de outrem.

Esta situação afligente é causa de martírio. No entanto, reconsidera a situação e acerca-te do teu próximo.

Ele talvez se encontre em estado equivalente ao teu.

Não é feliz, apenas parece.

Faz ruído para dissimular o que se passa no íntimo.

Chama a atenção por necessidade e, preocupado com os próprios problemas, não dispõe de capacidade mental e emocional para identificar os teus.

Acerca-te dele, com discrição e bondade, constatando que doar afeto resulta em recebê-lo.

Toda oferta espontânea se transforma em intercâmbio, no qual cada um reparte um pouco daquilo de se dispõe.

Mesmo que o vazio interior permaneça, preenche-o de ação positiva pelo teu próximo, dando-te conta que, o bem que lhe propicias e que gostarias de receber, já se encontra em ti.

A estrada de todos aqueles que buscam a Verdade é caracterizada pelo silêncio, pela soledade.

Gandhi, que a milhões de vidas beneficiou, na soledade interior construiu as resistências morais para doar com alegria a existência à Causa abraçada.

Teresa de Ávila, fascinada pela fé e malvista no Monastério, seguiu sozinha até o pleno encontro com Jesus.

Pasteur, ridicularizado pela presunção dos falsamente doutos, insistiu nas suas pesquisas até oferecer à Humanidade a demonstração das suas descobertas.

Os ocupados com a busca do bem não dispõem de tempo para repartir com os ociosos, os saciados, os gozadores.

Liberta-te das ataduras da autocompaixão, renova-te e avança no rumo dos objetivos elevados, em soledade talvez, porém, ao encontro de Jesus Cristo que, da solidão da montanha onde se refugiava, após haurir forças com o Pai, descia à turbamulta para ajudá-la a que ascendesse, superando os obstáculos que criava, fruindo da liberdade que Ele oferecia.

Em soledade, porém com Ele, alçarás voo ao país da alegria, onde comungarás com todos aqueles que te precederam na conquista da Luz.


Retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2014.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Eles não foram felizes para sempre

 Pouco menos de dois séculos. Esse foi o tempo necessário para que a Ordem do Templo se transformasse em uma das maiores redes de influência da Europa. Perto do ano 1300, a organização funcionava como uma espécie de multinacional medieval, que envolvia bancos, transportadoras e uma série de outros serviços ligados à administração, às finanças e ao comércio.

Tal sucesso devia-se a dois fatores principais: ao mesmo tempo em que tornavam suas vitórias e seu idealismo conhecidos, passaram a receber um grande número de doações em dinheiro, terras ou propriedades. Em sua maior parte, as ofertas vinham de nobres e soberanos que, guiados pelo misticismo da época, acreditavam que com esse ato expiariam seus pecados e ganhariam a salvação no Reino dos Céus.

Logo, castelos, terrenos, moinhos, aldeias e outros bens faziam parte da Ordem. Com isenção de impostos, os Templários sabiam como fazê-los render: as terras e as propriedades eram arrendadas e geravam ainda mais dinheiro. Dessa forma, o sucesso dos empreendimentos parecia ir de vento em popa, ainda que os princípios originais, que proibiam os cavaleiros de ostentar qualquer tipo de riqueza, há muito já tivesse sido distorcido.


O Começo do Fim


Enquanto o sucesso financeiro dos cavaleiros aumentava dia a dia, o mesmo não se podia dizer a respeito de suas ações militares, já que cada vez mais amargavam derrotas contra o exército dos muçulmanos. À época, já eram tidos por toda sociedade como ricos, arrogantes e egoístas, pois, aparentemente, serviam apenas aos próprios interesses, e não aos dos cristãos no Oriente Médio.

Com a reputação abalada, os Templários lutavam para se reerguer quando caíram nas garras do poderoso Rei Filipe, o Belo, da França, que decidiu se apoderar da fortuna da Ordem. Determinado a impor sua autoridade sobre todo o país, o rei via nos Templários um verdadeiro entrave ao seu objetivo, afinal, por pertencerem a uma ordem religiosa, respondiam somente ao papa, e não ao monarca. Além disso, a aquisição de todas as posses da Ordem iria ao encontro das necessidades da Coroa francesa, que passava por maus bocados financeiros. Aliado ao papa Clemente V, o soberano tramou uma conspiração para acusar os cavaleiros de hereges, assassinos e adoradores do Diabo.

Em 1307, todos os cavaleiros que estavam em território francês foram investigados e presos por ordem do papa que, embora não aprovasse integralmente as ações de Filipe, temia perder o apoio do Rei. Em pouco menos de cinco anos, a publicação da bula papal Vox in Excelso viria a decretar o fim da Ordem dos Templários em definitivo. Ao final de um processo cheio de irregularidades, os cavaleiros do Templo foram queimados vivos em praça pública e seus bens confiscados pelo rei francês. Jacques De Molay, o último grão-mestre dos Templários, foi um dos quase 500 guerreiros levados à fogueira em Paris. Acabava, com ele, todo o esplendor e a glória da linhagem original desses Cavaleiros.

Transcorridos alguns séculos, atualmente, muitos especialistas acreditam que a perseguição implacável do rei sobre a Ordem nada teve a ver com questões religiosas. Para confirmar essa teoria, recentemente, um documento de 700 anos revelado pela Igreja Católica aponta que, ao fim do inquérito realizado para investigar as ações e a vida dos Templários, o papa Clemente V julgou e absolveu-os da acusação de heresia, embora tenha os condenado pela imoralidade - situação a qual pretendia reverter a partir de uma reforma na organização. Entretanto, subjugado às vontades do monarca, não teria conseguido evitar o fim trágico.


Retirado da revista Especial Templários, Ano I, Editora Selo Qualidade de Vida, São Paulo.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Seguidores de uma Ordem

 Os Templários: quem eram afinal? Homens santos ou apenas guerreiros corrompidos por uma religião?


Levar uma vida inteiramente regida por valores cristãos e, ao mesmo, dispor-se a guerrear até a morte para eliminar os inimigos desses valores pode parecer contraditório. Um conflito como esse já evidencia que, definitivamente, viver como um templário não deveria mesmo ser uma tarefa fácil. Para seguirem a vida monástica associada à missão militar, os integrantes da Ordem submetiam-se a um conjunto de regras bastante rígido. Além do voto de castidade e de pobreza, renunciavam a qualquer material ou objeto que pudesse representar ostentação, bem como abriam mão por completo dos prazeres físicos e materiais. No livro Sociedades Secretas: Templários (Universo dos Livros), o autor Sérgio Pereira Couto revela toda a trajetória da Ordem, desde o início até os dias de hoje, e relata também como era a vida de um templário. A seguir, você confere um trecho dessa obra.


O Dia


O relógio bate 4 horas da manhã. Começam as matinas, o primeiro serviço religioso do dia. Os cavaleiros levantam-se e vão para a capela da igreja, a fim de realizar seu primeiro compromisso: rezar 28 Pai-Nosso, 14 representando as horas do dia e outros 14 para a Virgem Maria. Sempre que possível, repetiam essa rotina, pelo menos mais quatro vezes durante o dia. Depois, às 06 horas da manhã, é hora da Prima, e, às 11h30, da missa.

As refeições do dia variam de duas a três. Quando a primeira refeição do dia fica pronta, cada templário deverá ter rezado 60 Pai-Nosso, 30 para os vivos e 30 para os mortos poderem sair do purgatório. Começa, então, a refeição, em absoluto silêncio, quebrado apenas pelas palavras do prior, responsável por abençoar a refeição, e as do clérigo, que lê a Bíblia em voz alta. Há três grupos distintos em mesas separadas: cavaleiros, empregados e padres. Não há nenhuma forma de comunicação verbal e vários sinais são usados para evitar a conversa. Quem transgredir a Regra tem como punição comer sozinho.

O cardápio apresentava carne (de carneiro, vaca, cabra, vitela ou peixe) três vezes por semana e verduras, leite, queijo e pão nos outros dias da semana.

Após a refeição da tarde, os templários se encontram na capela para dar graças. Na sequência, vem a Nona (14h30) e as Vésperas (18h). A refeição noturna é uma repetição da anterior, em completo silêncio. Vêm, então, as Completas e, depois, um "momento de descontração", no qual o mestre da casa liberava certas doses de água ou vinho diluído para os irmãos. O silêncio, atributo levado ao pé da letra, deveria ser absoluto, principalmente no período entre as Completas e as Matinas.

Por não poderem ficar ociosos, os irmãos ocupavam-se, quando não estavam comendo, rezando ou em batalhas, de trabalhos externos nos campos ou outros tipos de tarefas simples (como cuidar de seus cavalos - cada templário tinha direito a três - ou, em tempos de expedições, preparar seu equipamento de batalha).

A parte dedicada à aparência pessoal era um capítulo à parte. Cada membro deveria seguir a Regra, que estabelecia cabelos curtos e barba crescida. E nada de banho, pois, além de a aparência desleixada dar um ar selvagem que contribuía para assustar o inimigo, um templário não deveria nunca ver seu corpo despido. Numa sociedade masculina, temiam-se práticas homossexuais, por isso os irmãos deveriam dormir sempre com as luzes acesas, a fim de impedir pensamentos libidinosos e afugentar a escuridão.

Também era rígida a conduta para as mulheres. Nenhum deles podia se tornar padrinho de ninguém, nem entrar num recinto onde houvesse uma mulher, pois a Regra considerava perigoso olhar constantemente para mulheres. Beijar também era proibido, fosse mulher viúva, virgem, mãe, irmã, tia ou qualquer outra. As freiras não faziam da Ordem, e ter empregadas só era permitido em casos de extrema necessidade, com nenhuma outra alternativa disponível. Uma observação da Regra foi a causa primordial de uma das acusações de Filipe, o Belo, contra a Ordem: era absolutamente proibido beijar uma mulher na boca, o que geraria as acusações de prática de homossexualidade.

Todos os cavaleiros deveriam, também, fazer jejum antes do Natal e da Páscoa por 40 dias, outra resolução da Regra, com exceção para casos em que o alimento fosse necessário antes da batalha ou se o grão-mestre decidisse que não deveria ser realizada a abstinência.

Os casos de expulsão da Ordem aconteciam se um cavaleiro era pego abusando de seus privilégios, roubando, cometendo heresias, matando um cristão ou revelando detalhes de seu capítulo.


Retirado da revista Templários Especial, Ano 1, nº 1; Editora Selo Qualidade de Vida, São Paulo.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Os Templários (Os fatos por trás dos mitos)

 Sociedade secretas, tesouros sagrados, grandes conspirações... A saga dos templários têm os elementos de uma boa história de aventura e mistério. Mas, afinal, é possível separar a realidade da ficção?


Muitos são os enigmas que envolvem a Ordem dos Pobres de Cristo e do Templo de Salomão. Ainda hoje em dia, quase tudo o que se sabe sobre esses guerreiros monásticos se perde em um confuso emaranhado de lendas e suposições.

Mais conhecidos como cavaleiros templários, durante muito tempo eles foram vistos como homens de fé e coragem, que arriscavam a vida para proteger os cristãos na Terra Santa. Mas essa não foi a única  imagem que deixaram: em sua trajetória, chegaram a ser apontados como negociantes oportunistas que negavam a moral cristã e estavam interessados apenas em consolidar seu poderio na Europa Medieval e, ainda, como sábios do ocultismo, iniciados nos princípios da alquimia e em milenares conhecimentos esotéricos.

Enquanto os estudiosos não encontram respostas definitivas, o acirrado debate sobre o verdadeiro propósito da Ordem do Templo desafia os séculos, ao lado de outras questões intrigantes, como a hipótese de que a reunião dos antigos cavaleiros teria se transformado em uma sociedade secreta e suspeita de que ela guardaria tesouros de valor incalculável - como o Santo Graal (o cálice que recolheu o sangue de Jesus) ou a Arca Perdida (com os mandamentos ditados por Deus a Moisés). Nenhuma dessas teorias, no entanto, possui sustentação histórica. A seguir, descubra os fatos por trás de tantos mitos, na história desses guerreiros tão singulares.


Homens de fé e coragem, negociantes oportunistas ou sábios do ocultismo? ainda hoje, historiadores tentam desvendar a verdadeiro face dos templários.


E assim tudo começou...


A Ordem dos Templários, que se tornou uma das mais poderosas e controversas organizações da história, foi fundada em 1119, quando nove cavaleiros franceses, entre eles Hugo de Payns e André de Montbard, anunciaram ao Rei Balduíno I de Jerusalém a intenção de criar uma ordem de monges guerreiros para escoltar e defender os peregrinos cristãos que viajavam à Terra Santa.

Estávamos no tempo das Cruzadas, em que os cristãos tinham não apenas conquistado importantes cidades sagradas, como Jerusalém, Trípoli e Antioquia, mas também promovido uma verdadeira carnificina, matando milhares de seguidores de Maomé (chamados também de sarracenos, islâmicos, mouros ou muçulmanos), sem poupar nem mesmo mulheres e crianças.

Em busca de vingança, agora era z vez de os sarracenos atacarem os cristãos, assaltando ou matando os peregrinos que se propunham a se aventurar nas estradas que levavam aos lugares santos. Nascia, assim, a justificativa ideal para a criação de uma ordem militar da Igreja Católica, que prometia entregar-se de corpo e alma à luta contra os infiéis.


Sinais de uma irmandade


Entre os muitos símbolos dos cavaleiros templários, a cruz vermelha aplicada sobre um esvoaçante manto branco se tornou o mais conhecido. Concedida à Ordem em 1148, pelo papa Eugênio III, a cruz devia ser colocada sempre acima do coração e, segundo alguns historiadores, seus quatro lados iguais representavam o equilíbrio perfeito entre a realidade material e espiritual.

O manto branco, por sua vez, simbolizava pureza e castidade, assim como uma pesada pele de carneiro que os cavaleiros eram obrigados a usar sob as roupas. Se um templário perdesse uma dessas vestes sagradas, imediatamente recebia uma rígida punição, que poderia chegar até à autoflagelação.

Além da cruz e do manto, um dos mais famosos símbolos dos monges guerreiros era o emblema da Ordem, que trazia o desenho de um cavalo com dois cavaleiros, representando a irmandade e a humanidade.


Sangue e Fé


Tão logo a Ordem do Templo foi criada, instaurou-se a polêmica a seu respeito. Sendo a primeira organização militar da história da Igreja Católica, esbarrava em uma complicada contradição: como conciliar o derramamento de sangue com os ensinamentos de amor e não-violência de Jesus Cristo?

A resposta estava na devoção religiosa. Ao entrar para a ordem, os cavaleiros faziam votos de castidade, obediência e pobreza, jurando abandonar as tentações do mundo em nome de uma verdade espiritual. Movidos pelo idealismo cristão, eles não tinham outro motivo para lutar senão combater as forças do mal.

Em uma época carente de heróis e imersa em conflitos políticos e religiosos, não demorou muito para que esses monges guerreiros passassem a ser vistos como cavaleiros honrados e destemidos, dispostos a tudo para proteger sua fé.


Templários do ano 2000?


Segundo o Vaticano, existem cerca de 400 segmentos neotemplários na atualidade. Não há qualquer rivalidade entre eles, apenas diferenças de opiniões, símbolos e rituais, ou seja, são segmentos independentes que simpatizam com o mesmo estudo. Porém, é importante deixar claro que nenhum desses segmentos pode afirmar que é a continuidade da Ordem de origem, mas apenas que simpatizam com seus ideais.


Retirado da revista Templários Especial, Ano 1; Selo Qualidade de Vida, São Paulo.

sábado, 8 de janeiro de 2022

Oxóssi

 Oxóssi é um orixá muito popular no Brasil e em Cuba, embora seu culto esteja praticamente extinto na África. É o deus responsável pela caça e pela manutenção da tribo.


Muitos africanos do Ketu que cultuavam Oxóssi chegaram ao Novo Mundo como escravos, após a região ter sido invadida pela tropas do rei Daomé. No Candomblé, ele se tornou o rei da nação Ketu e é muito popular na Bahia. Na Umbanda ele é o patrono da linha dos caboclos.

Oxóssi é o orixá responsável pela caça e protetor dos caçadores. Em muitas expedições, ele  descobria regiões que eram favoráveis à plantação. Nesses locais ele fundava vilarejos onde mantinha uma grande autoridade sobre as pessoas que se estabeleciam no local.

Conta-se que nas antigas tribos da África cabia ao caçador, além de penetrar o mundo além da aldeia e descobrir locais novos para o grupo, trazer tanto a caça como também folhas medicinais. Dessa forma, Oxóssi também passou a simbolizar a transmissão de conhecimento devido às suas descobertas.

O combate cotidiano de Oxóssi está nas matas, onde caça animais com o intuito de abastecer as tribos. Embora seja um caçador, ele não aprova a matança pura e simples, a caça predatória, pois considera que a morte de animais deve ter como objetivo a alimentação dos humanos ou os rituais aos orixás. Dessa forma, uma de suas responsabilidades é garantir a vida dos animais para que eles possam ser caçados no momento oportuno.

Oxóssi é conhecido como o "caçador de uma flecha só", pois consegue atingir o seu alvo com grande precisão. Conta a lenda que, certa vez, um pássaro maligno ameaçava a tribo e Oxóssi era o único caçador que ainda tinha uma flecha para abatê-lo. Todos os outros caçadores haviam errado o alvo e perdido todas as suas flechas. Conta-se que Oxóssi atirou contra o pássaro e salvou toda a aldeia.

Oxóssi é calmo, tranquilo e paciente, enquanto seus irmãos Exú e Ogum têm temperamentos opostos. Ele representa a firmeza de propósito, a determinação, a objetividade e a concentração. Em seus devotos, ele age espiritualmente, eliminando seus defeitos e despertando suas qualidades.

Na Bahia ele é sincretizado com São Jorge e no Rio de Janeiro com São Sebastião. Quinta-feira é o dia da semana que lhe é consagrado. Seus iniciados usam colares de contas azul-esverdeadas. Suas danças imitam os gestos da caça, da perseguição do animal e do atirar da flecha. Seu símbolo é, como na África, um arco e flecha em ferro forjado.


Arquétipo


O arquétipo de Oxóssi é o de pessoas observadoras, ágeis, espertas, rápidas, alertas e em movimento. O forte sentido de responsabilidade faz com que se preocupem com o bem-estar da família e com o sustento da tribo. Inovadoras, não temem mudanças de qualquer tipo, mesmo aquelas que envolvem a casa ou o trabalho. Gostam de realizar trabalhos que possam ser feitos de forma independente, sem a participação de muitas pessoas. Em suas atividades profissionais necessitam de silêncio e concentração. Além de respeitarem o espaço de cada um, não têm o hábito de prejulgar qualquer situação ou pessoa.


Retirado da revista Sexto Sentido Especial - Orixás, Mythos Editora, São Paulo, 2010.

Arte e ciência de ajudar

 A indiferença ante a dor do próximo é congelamento da emoção, que merece combate.

À medida que que o homem cresce espiritualmente, mais se lhe desenvolvem no íntimo os sentimentos nobres.

Certamente não se deve confundi-los com os desregramentos da emotividade; igualmente não se pode controlá-los a ponto de tornar-se insensível.

No bruto, a indiferença é o primeiro passo para a crueldade, porta que se abre na emoção para inúmeros outros estados de primitivismo.

A indiferença coagula as expressões da fraternidade e da solidariedade, ensejando a morte do serviço beneficente.

O antídoto para esse mal, que reflete o egoísmo exacerbado, é o amor.

Se não pretendes partilhar do sofrimento alheio, ao menos minora-o com migalhas do que te excede.

Se não queres conviver com a dor do teu irmão, ajuda-o a tê-la diminuída com aquilo que te esteja ao alcance.

Se defrontas multidões de necessitados e não sabes como resolver o problema, auxilia o primeiro que te apareça, fazendo a tua parte.

Se te irrita a lamentação dos que choram, silencia-a com o teu contributo de amizade.

Imagina-te no lugar de algum deles e saberás o que fazer, como efeito natural do que gostarias que alguém fizesse por ti.

Ninguém está seguro de nada, enquanto se encontra na Terra.

A roda das ocorrências não para.

Quem hoje está no alto, amanhã terá mudado de lugar e vice-versa.

E não só por isso.

Quem aprende a abrir a mão em solidariedade, termina por abrir o coração em amor.

Dá o primeiro passo, o mais difícil. Repete-o, treina os sentimentos e te adaptarás à arte e ciência de ajudar.

Há quem diga que os infelizes de hoje estão expiando os erros de ontem, na injunção de carmas dolorosos. Ajudá-los, seria impedir que os resgatassem.

É correto que a dor de agora procede de equívocos anteriores, porém, a indiferença dos enregelados, por sua vez, lhes está criando situações penosas para mais tarde.

Quem deve, paga, é da Lei. Mas quem ama dispõe dos tesouros que, quanto mais se repartem, mais se multiplicam. É semelhante à chama que acende outros pavios e sempre faz arder, repartindo-se, sem nunca diminuir de intensidade.

Faze, pois, a tua opção de ajudar, e o mais a Deus pertence.


Texto retirado do livro Momentos de Meditação; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis; Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador,  3ª Edição, 2014.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Ogum

 Ogum é um orixá muito popular no Brasil. É considerado o deus dos guerreiros e de todos aqueles que trabalham com instrumentos de metal, pois ele é também o orixá do ferro.


No Brasil, Ogum é conhecido como o deus dos guerreiros, perdendo a posição de protetor dos agricultores que tinha na África. Segundo a tradição, Ogum era caçador e costumava descer de orum por meio de uma teia de aranha para caçar. Dizem também que, quando as divindades chegaram ao mundo, competiu a ele abrir clareiras na selva com o seu facão considerado mágico. Devido a isso ele foi aclamado como chefe entre as divindades, Osin Imale.

Filho de Iemanjá e Odudua, o fundador do Ifé, foi regente do reino de Ifé quando seu pai ficou temporariamente cedo. No entanto, não se preocupava muito com a administração do reino, pois não gostava de ficar quieto e trancado dentro do palácio. Com uma vida amorosa agitada, foi o primeiro marido de Oiá-Iansã, que se tornaria mais tarde mulher de Xangô, e teve também relações com Oxum e Obá.

Ogum é muito mais emoção do que razão, perdoando facilmente seus amigos e destruindo seus inimigos. Ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro. Ele simboliza o trabalho, a atividade criadora do homem sobre a natureza, a produção e a expansão, a busca de novas fronteiras, aquele que desbrava as matas e derrota os inimigos. Qualquer contrato ou juramento feito em seu nome deves er cumprido. Conta-se que se por um acaso o compromisso não for honrado, o faltoso sofrerá sérias consequências.

Considerado o deus de ferro, é o padroeiro daqueles que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, açougueiros, marceneiros, caçadores, mecânicos, maquinistas de trem. O seu culto é bastante difundido nos territórios de língua iorubá e em certos países vizinhos, sendo provavelmente um dos deuses mais respeitados e temidos.

Ele tem como símbolos mais importantes o ferro, a rocha e fragmentos de metal. O seu nome é sempre mencionado por ocasião de sacrifícios dedicados aos deuses, no momento em que a cabeça do animal é cortada com uma faca da qual ele é o senhor absoluto.

No sincretismo é associado a Santo Antônio de Pádua, na Bahia, e a São Jorge, no Rio de Janeiro. Os lugares consagrados a Ogum ficam ao ar livre, na entrada dos palácios dos reis, nos mercados e nos templos de outros orixás.

O dia da semana que lhe é consagrado é a terça-feira, e os seus adeptos usam colares de contas de vidro azul-escuro e, algumas vezes, verde. Seus domínios são os caminhos, os combates e as demandas de toda ordem.


Arquétipo


Ogum representa as pessoas impulsivas, explosivas, obstinadas, teimosas e que sentem prazer em estar com os amigos e com o sexo oposto. Muitas vezes têm dificuldade em perdoar as ofensas que lhe são feitas. Perseguem seus objetivos de forma enérgica e não se desencorajam facilmente. Dificilmente perdem a esperança, mesmo nos momentos difíceis. Seu humor geralmente é instável, alternando a agitação e a tranquilidade. Muitas vezes o ser representado por Ogum é julgado como um ser arrogante, impetuoso e até mesmo indiscreto. Por outro lado, sua franqueza e sinceridade fazem com que seja admirado pelas pessoas. A rotina para ele é um castigo, pois gosta de agitação, novidades e de tudo o que é moderno.


Retirado da revista Sexto Sentido Especial - Orixás; Mythos Editora, São Paulo, 2010.