segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Iroko

Iroko é o orixá tradicionalmente representado por uma suntuosa árvore e o guardião das matas. Representa a dinastia dos orixás e ancestrais.


    Iroko é uma árvore africana também conhecida como Rôco, Irôco. É também um orixá cultuado no Candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jêje. Conhecido também como "Tempo", é um orixá muito antigo. De acordo com as lendas, Iroko foi a primeira árvore plantada e, por ela, os orixás desceram à Terra. Outros mitos narram que Iroko foi a única árvore que sobreviveu no planeta após uma grande devastação que aconteceu por causa de uma briga entre a Terra e o Céu.

    Algumas tradições ligam Iroko aos Orixás de Daomé (Nanã, Obaluaê, Oxumarê), e em outras ele é associado a Xangô. O seu culto é cercado de cuidados, mistérios e muitas histórias. Representa a ancestralidade, nossos antepassados. Além disso, é considerado o seio da natureza, a morada dos orixás.

    Para o povo iorubá, Iroko é uma das quatro árvores sagradas cultuadas onde se pratica a religião dos orixás. Representa a ancestralidade, os nossos antepassados, o seio da Natureza, a morada dos Orixás. Ela simboliza também a morada dos espíritos infantis, conhecidos como abiku. Dessa forma, desrespeitar Iroko, a grande e suntuosa árvore, é desrespeitar suas origens, sua própria dinastia e seu sangue.

    Iroko está sempre presente em todas as reuniões dos orixás. Geralmente fica em silêncio em um canto, anotando as decisões que envolvem sua ação. Embora seja um orixás pouco conhecido, toda a criação está sob seus propósitos.

    Governa o tempo e o espaço, o ciclo vital que não muda com o transcorrer da eternidade, as oportunidades que a natureza nos dá. Ele acompanha e cobra o cumprimento do carma de cada ser humano, determinando o início e o fim de tudo. As relações desse orixá sempre se baseiam na troca: um pedido feito, quando atendido, deve ser pago.

    É considerado um orixá raro, ou seja, possui poucos filhos e raramente se manifesta. Ao contrário de grande parte dos orixás, Iroko não costuma "baixar" nas festas de santo. Ele é reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa. No Brasil, diz-se que o orixá habita a gameleira branca. Ficus gomelleira ou Ficus doliaria. Seu dia da semana é quinta-feira e seus adeptos usam colares verde e marrom.


Arquétipo


    O arquétipo de Iroko é o de pessoas eloquentes, inteligentes, competentes, teimosos e generosos. Gostam de diversão e prazeres: dançar, cantar, cozinhar, pintar, comer e beber bem. São líderes naturais e se empenham na palavra dada. Dotados de senso de justiça, são amigos queridos e inimigos terríveis, reconciliando-se com facilidade. Possuem um profundo respeito pela família e sua origem. São exigentes com a palavra dada, cobrando as promessas que lhe são feitas. Na vida cotidiana são extremamente pacientes, pois consideram o tempo o seu maior aliado. No trabalho, são dedicados e, por isso, conseguem impor muito respeito.


Retirado da revista Sexto Sentido Especial: Orixás; Mythos Editora, São Paulo, 2010.

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