terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Oxalá

Oxalá, "O Grande Orixá ou "Rei de Pano Branco" ocupa uma posição incontestável e única entre os deuses iorubás. Ele é a divindade criadora incumbida pelo Ser Supremo de criar a terra sólida, povoá-la e modelar a forma física do homem.


    Oxalá possui outros nomes descritivos de sua natureza e caráter: Obatalá, contração de Oba-ti-o-nla, "o rei que é grande" ou Oba-ti-ala, "o rei em vestes brancas".

    Segundo os mitos, Oxalá foi o primeiro a ser criado por Olodumaré, o deus supremo que o encarregou de criar o mundo com o poder de sugerir e o de realizar. Ele traz consigo a memória de outros tempos, as soluções encontradas no passado para situações semelhantes, merecendo, portanto, o respeito de todos numa sociedade que cultuava seus ancestrais.

    Oxalá representa o conhecimento empírico colocado acima do conhecimento especializado que cada orixá pode apresentar (Ossain, a liturgia; Oxóssi, a caça; Ogum, a metalurgia; Oxum, a maternidade; Iemanjá, a educação, etc.).

    Associado à criação do mundo e da espécie humana, ele se apresenta de duas formas: jovem, como Oxaguian e velho como Oxalufan. Oxaguian é o único orixá funfun que guerreia usando uma espada e um escudo que recebeu de Ogum. Ele sempre evitava ao máximo o confronto, tentando resolver os problemas de outra maneira. Entretanto, se os argumentos não davam resultado, ele entrava na guerra lutando até o final, custasse o que custasse. A guerra, entretanto, não deve ser interpretada ao pé da letra, mas num sentido mais abrangente, como a luta pela sobrevivência.

    Segundo a tradição, Oxalufan com o seu cajado (opaxoro) separou o céu e a Terra, que no início dos tempos se encontravam no mesmo nível de existência. O pássaro que se apresenta pousado em seu cajado é um mensageiro que faz a ligação entre os dois mundos. Muitas vezes, esse orixá é apresentado como um velho, todo curvado e retorcido precisando ser amparado por não poder andar.

    Na Bahia, particularmente, Oxalá é considerado o maior dos orixás e o mais venerado. Seus adeptos usam colares de contas brancas e vestem-se, geralmente, de branco. Sexta-feira é o dia da semana consagrado a ele. O hábito do uso de roupas brancas nesse dia se estende a todos aqueles que frequentam o Candomblé, mesmo aos consagrados a outros orixás.

    Oxalá é sincretizado na Bahia com o Senhor do Bonfim, por ter um grande prestígio e inspirar fervorosa devoção aos habitantes de todas as categorias sociais.


Arquétipo


    O arquétipo de Oxalá é o de pessoas tranquilas, calmas, respeitáveis e dignas de confiança. Sabem argumentar muito bem e conseguem convencer as pessoas devido às suas boas intenções. Embora sejam amáveis e prestativos, não são submissos. Adoram a organização e a limpeza e são perfeccionistas em todas as coisas que fazem. Por usarem o raciocínio na solução de problemas, dificilmente têm explosões emocionais. Geralmente são lentos em suas decisões porque pensam muito antes de agir. Centralizam as coisas em torno de si, o que pode muitas vezes sobrecarregá-los.


Retirado da revista Sexto Sentido Especial: Orixás; Mythos Editora, São Paulo, 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário