domingo, 6 de fevereiro de 2022

Xangô

Xangô é um orixá de origem iorubá. Como personagem histórico, teria sido o terceiro rei de Oyó. Em muitos mitos ele é apontado como filho de Iemanjá e descrito como jakuta, aquele que briga com as pedras.


Xangô é o deus das pedreiras, das terras áridas e das rochas. Ele possui e energia do fogo, que irradia calor e possibilita a existência da vida. A morte e o frio são contrários à sua essência. O metal a que pertence é o cobre. Sua ferramenta principal é o Oxé ou machado duplo, simbolizando a imparcialidade na hora da justiça. Violento e justiceiro, castiga os ladrões e os mentirosos. O seu símbolo é a balança, que representa a justiça.

Narra a lenda que, certa vez, o reino de Xangô, Oyó, foi atacado de forma violenta. Xangô reagiu e lutou durante semanas contra o inimigo. Ao perceber que a guerra se  tornara um caminho sem volta, decidiu se aconselhar com o deus Orunmilá para evitar sua derrota. O adivinho ordenou que ele subisse numa pedreira onde receberia a iluminação necessária para saber o que deveria ser feito. Quando Xangô chegou ao topo da pedreira, foi tomado de grande fúria e começou a destruir as pedras, com o seu machado, com grande violência. Com isso, grandes raios se formaram e se espalharam pelo reino em línguas de fogo, matando muitos inimigos. Os sobreviventes se renderam e pediram clemência a Xangô. O porta-voz do grupo, atirando-se aos seus pés, pediu perdão e explicou que lutavam não por vontade própria, pois eram forçados a fazê-lo e martirizados por um monarca vizinho que odiava Xangô. Segundo a lenda, Xangô reconheceu nos olhos do guerreiro que ele falava com sinceridade e perdoou a todos, aceitando-os como súditos. Desde então ele foi considerado o orixá justiceiro, que perdoa quando defrontado com a verdade, mas que elimina com seus raios os mentirosos.

Tudo o que se refere ao direito, justiça, demandas judiciais e contratos dizem respeito a Xangô. Como amante da justiça, é imparcial em suas ações. Ele sempre usa toda sua autoridade para resolver as mais difíceis questões.

De acordo com os mitos, Xangô era muito atraente e vaidoso e teve diversas esposas, como Oxum, Obá e Iansã.

O seu culto é muito popular no Brasil. Em Recife, seu nome serve mesmo para designar o conjunto de cultos africanos praticados no Estado de Pernambuco. Seus fiéis na Bahia usam colares de contas vermelhas e brancas, como na África. Quarta-feira é o dia da semana consagrado a ele. No sincretismo, é associado a São Jerônimo, devido à presença das formações rochosas, de um livro e do leão (animal de forte associação com o orixá). Ele também é associado a São Judas Tadeu, devido à presença da imagem do livro e machado e a São João Batista devido à semelhança da sua personalidade com a do orixá.


Arquétipo


O arquétipo de Xangô é o de pessoas eloquentes e sociáveis. Possuem um certo grau de autoritarismo, gostam de dar sempre a última palavra, embora sejam bons ouvintes. Muitas vezes são considerados volúveis, esquecem facilmente suas paixões envolvendo-se em novas aventuras afetivas. O tipo físico lembra sempre uma pedra, uma rocha, com uma certa tendência à obesidade, porém com uma firme estrutura óssea. Seu humor é oscilante, mas são incapazes de conscientemente cometer uma injustiça. Agem com imparcialidade e sabem como ninguém administrar seu patrimônio.


Retirado da revista Sexto Sentido Especial: Orixás; Mythos Editora, São Paulo, 2010.

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