Espelho do mar de mim
Iara índia de mel
Deitada nas ondas brancas
Rendeira da beira da terra
Com a espume da esperança
Kirimurê linda varanda
De águas salgadas mansas
De águas salgadas mansas
Que mergulham dentro de mim
Meu Deus deixou de lembrança
Nas conchas dos sambaquis
Na fome da minha gente
E nos traços que guardo em mim
Minha voz é flecha ardente
Nos Catimbós que vivem aqui
Eira e beira
Onde era mata hoje é Bonfim
De onde meu povo espreitava baleias
É um farol que desnorteia a mim
Eira e beira
Um caboclo não é Serafim
Salvem as folhas brasileiras
Oh! Salvem as folhas pra mim
Se me derem a folha certa
E eu cantar como aprendi
Vou livrar a terra inteira
De tudo que é ruim
Eu sou o Dono da Terra
Eu sou o Caboclo daqui
Poema de J. Veloso retirado do livro Santo Antônio e outros cantos... Produção Editorial, 2010.
* Kirimurê, termo que significa, na língua dos tupinambás, "mar interior".
* Kirimurê, termo que significa, na língua dos tupinambás, "mar interior".
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