Havia uma vez um lenhador que foi procurar trabalho em uma madeireira. O pagamento era bom e as condições de trabalho melhores ainda. Talvez o único problema no local era o exigente capataz.
O lenhador era um homem bom, tinha uma esposa amável, e cinco filhos adorados. Necessitava desse emprego e decidiu fazer um bom papel.
No primeiro dia se apresentou ao capataz, que com poucas palavras lhe deu um machado e lhe designou um local na mata onde ele seria o responsável pelo corte das árvores.
O homem muito entusiasmado saiu a trabalhar.
Em um só dia cortou dezoito árvores.
- Te felicito, continue sempre assim, disse o capataz, com o rosto sério, e muito fiel ao seu patrão.
Animado pelo trabalho, e de ter conseguido tirar um "Te felicito" desse homem tão severo, o lenhador decidiu melhorar seu próprio desempenho no segundo dia de labuta, e foi deitar-se bem cedo.
Na manhã seguinte levantou-se antes que os outros lenhadores e foi ao bosque trabalhar, mas apesar de todo seu empenho, não conseguiu cortar mais do que quinze árvores.
Ao voltar, exausto e desanimado cruza o caminho com o capataz e se justifica:
- Devo estar cansado, vou deitar mais cedo, descansar e amanhã recupero o dia de hoje.
O capataz nada disse, sequer alterou o seu semblante.
Ao amanhecer lá estava o lenhador no bosque decidido a superar sua marca de dezoito árvores. Nesse dia não chegou a cortar nem nove árvores.
Voltou ao final da tarde completamente arrasado, passou pelo capataz e nada disse.
Nessa noite mal conseguiu dormir. Pensava no que poderia estar acontecendo nesse local, seria uma maldição da floresta, a ação de duendes, a inveja dos outros lenhadores diante do primeiro elogio do capataz ou seria a própria energia severa do capataz que o impossibilitava de cortar mais árvores do que o seu feito inicial?
No dia seguinte cortou sete, depois cinco, e no último dia estava lutando para cortar a terceira árvores, quando se aproximou o capataz.
O lenhador completamente transtornado pela necessidade do emprego, pelo imenso esforço que estava fazendo, e pelo insucesso que ocorria, começou a falar:
- Não entendo o que se passa, juro que estou me esforçando ao limite máximo do meu corpo. Estou completamente esgotado do trabalho e dia após dia venho piorando a minha produção.
O capataz, de poucas palavras, lhe perguntou:
- Quando afiaste teu machado pela última vez?
- AFIAR??? Não tive tempo de afiar, estava muito ocupado cortando árvores e preocupado com minha produção.
Traduzido e adaptado do livro "Recuentos para Demian", de Jorde Bucay.
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