sábado, 5 de março de 2022

Arte e ciência de ajudar

    A indiferença ante a dor do próximo é congelamento da emoção, que merece combate.

    À medida que o homem cresce espiritualmente, mais se lhe desenvolvem no íntimo os sentimentos nobres.

    Certamente não se deve confundi-los com os desregramentos da emotividade; igualmente não se pode controlá-los a ponto de tornar-se insensível.

    No bruto, a indiferença é o primeiro passo para a crueldade, porta que se abre na emoção para inúmeros outros estados de primitivismo.

    A indiferença coagula as expressões da fraternidade e da solidariedade, ensejando a morte do serviço beneficente.

    O antídoto para esse mal, que reflete o egoísmo exacerbado, é o amor.

    Se não pretendes partilhar do sofrimento alheio, ao menos minora-o com migalhas do que te excede.

    Se não queres conviver com a dor do teu irmão, ajuda-o a tê-lo diminuída com aquilo que te esteja ao alcance.

    Se defrontas multidões de necessitados e não sabes como resolver o problema, auxilia o primeiro que te apareça, fazendo a tua parte.

    Se te irrita a lamentação dos que choram, silencia-a com o teu contributo de amizade.

    Imagina-te no lugar de algum deles e saberás o que fazer, como efeito natural do que gostarias que alguém fizesse por ti.

    Ninguém está seguro de nada, enquanto se encontra na Terra.

    A roda das ocorrências não para.

    Quem hoje está no alto, amanhã terá mudado de lugar e vice-versa.

    E não só por isso.

    Quem aprende a abrir a mão em solidariedade, termina por abrir o coração em amor.

    Dá o primeiro passo, o mais difícil. Repete-o, treina os sentimentos e te adaptarás à arte e ciência de ajudar.

    Há quem diga que os infelizes de hoje estão expiando os erros de ontem, na injunção de carmas dolorosos. Ajudá-los, seria impedir que os resgatassem.

    É correto que a dor de agora procede de equívocos anteriores, porém, a indiferença dos enregelados, por sua vez, lhes está criando situações penosas para mais tarde.

    Quem deve, paga, é da Lei. Mas quem ama dispõe dos tesouros que, quanto mais se repartem, mais se multiplicam. É semelhante â chama que acende outros pavios e sempre faz arder, repartindo-se, sem nunca diminuir de intensidade.

    Faze, pois, a tua opção de ajudar, e o mais a Deus pertence.


Texto retirado do livro Momentos de Meditação; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis; Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª edição, 2014.

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