terça-feira, 1 de março de 2022

A lenda do galo de Barcelos

    Barcelos é uma bela cidade povoada de inúmeros monumentos, que fica na região do Minho, norte de Portugal. O mais consagrado de todos os monumentos é um simples e pequeno galo: em barro, multicolorido, cabeça erguida e um certo ar viril de desafio. As características do verdadeiro galo de Barcelos são:

* corpo preto com bordas multicoloridas;

* crista vermelha

* corações vermelhos, símbolo do amor, circundados por bolinhas brancas, símbolo da paz;

* trevo de quatro folhas, símbolo da sorte;

* folhas verdes imitando as folhas de oliveira;

* miosótis coloridos, símbolo silvestre.

    Conta a lenda que toda a aldeia de Barcelos andava alarmada com um crime praticado nessas terras.

    Certo dia apareceu ali um galego (nome depreciativo dado aos nascidos na Galícia), que se tornou imediatamente suspeito de tal crime. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém acreditou nele.

    O galego se dirigia a São Tiago de Compostela em cumprimento de uma promessa. Era fervoroso devoto do santo que se venerava em Compostela, assim como de São Paulo e de Nossa Senhora.

    Mesmo assim foi condenado à forca.

    Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz quew o condenara.

    De má vontade, o magistrado, que nesse momento estava no meio de um banquete com alguns amigos, atendeu àquele pobre homem.

    O condenado voltou a reafirmar sua inocência perante o incrédulo público, dizendo: - É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.

    Risos e comentários não se fizeram esperar, mas, pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo.

    Então, o que parecia impossível tornou-se realidade. Amanheceu e o peregrino estava pra ser enforcado. O galo assado ergueu-se na mesa e cantou.

    Já ninguém duvidava da inocência do condenado.

    O juiz, homem temente a Deus e temeroso de cometer semelhante injustiça, vestido ainda de camisolão, correu desabalado até a forca.

    Com espanto viu o pobre homem com a corda ao pescoço. Gritando desesperadamente "soltem este homem, soltem este homem", viu finalmente o homem ser solto e mandado embora em paz.

    Passados anos, o homem voltou a Barcelos e fez erguer o monumento em louvor  à Virgem e a São Tiago.


Uma lenda portuguesa adaptada por Sylvia Manzano. Retirado da Revista Nova Escola, Março de 1994. Fundação Victor Civita. Editora Abril.

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