quinta-feira, 24 de março de 2022

Moisés salvo das águas

    Há muitos anos e muitos séculos, quando o povo judeu era escravo no Egito, chegou uma época em que o soberano, chamado faraó, temendo que esse povo se tornasse numeroso demais e ameaçasse se revoltar, decretou que todas as crianças do sexo masculino nascidas de mãe judia fossem afogadas no Rio Nilo. E houve muito luto, pranto e tristeza nas famílias judias, obrigadas a sacrificar seus bebês meninos.

    Mas quando o casal Yoschabed e Amram teve seu terceiro filho, um lindo menino, a mãe, depois de resistir à cruel ordem do faraó e conseguir escondê-lo durante três meses, acabou tendo de livrar-se dele, para que toda a família não fosse sacrificada. Então, em desespero de causa, ela calafetou com betume uma cestinha de vime, colocou dentro dela o bebezinho e mandou que sua filha Míriam a levasse até o rio, com o irmãozinho dentro, pusesse a cesta na água entre os juncos e ficasse escondida, para ver o que aconteceria. A menina assim fez e, oculta entre os juncos, ficou observando.

    Pouco depois, chegou à margem do rio, conversando e rindo, a princesa egípcia, filha do faraó. Ela ouviu o choro da criancinha dentro da cesta e, aproximando-se, viu o menino bonito e forte ali abandonado. Encantada e compadecida, percebendo que se tratava de uma das crianças judias condenadas à morte por afogamento, a princesa disse que queria ficar com ela e levá-la consigo para o palácio.

    Ouvindo isso, Míriam se encheu de coragem, saiu do seu esconderijo e, dirigindo-se respeitosamente à princesa, disse que conhecia uma mulher judia que acabara de perder seu filhinho e que poderia alimentar esse menino, até ele crescer um pouco e poder ser levado ao palácio do faraó. Pediu, então, licença para buscar essa mulher. A princesa, contente, concordou. Imediatamente Míriam foi correndo buscar sua própria mãe e levou-a à presença da princesa. Yoschabed, trêmula de emoção, ouviu a princesa dizer que lhe confiava a criança para ela amamentar e cuidar até que estivesse em condições de ser levada para o palácio, onde ela mesma, a princesa, iria criá-la e educá-la como se fosse seu filho - um príncipe egípcio. Disse ainda que iria chamá-lo de Moisés, já que o tinha tirado das águas.

    Rindo e chorando de felicidade, Yoschabed, a mãe, e Míriam, a irmã, levaram o pequeno Moisés de volta para casa, onde puderam ficar com ele durante alguns anos. Foi o suficiente para Moisés ficar conhecendo seu próprio povo e lembrar-se dele mesmo após ser levado ao palácio do rei, onde foi criado, de fato, como um verdadeiro príncipe egípcio. Um príncipe que viria a ser um grande líder e libertador do povo judeu da escravidão do Egito.


Conto de Tatiana Belinky adaptado da Bíblia, Êxodo 2. Revista Nova Escola, Setembro de 1996. Fundação Victor Civita, Editora Abril.

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